“A Florinhas da Neve é uma família com 100 anos”

“Nós acolhemos crianças que são retiradas às famílias pelas mais variadas razões”, refere a diretora do espaço, Rita Lisboa, indicando que são “crianças desde recém-nascidos até aos 18 anos, sendo que podem lá ficar até aos 25 anos”.
No programa “Contrasenso”, a responsável explicou que “a nossa função é educá-las, acarinhá-las e fazer o papel dos pais e das famílias. São crianças e jovens com uma bagagem enorme, com histórias de vida muito complicadas”.
Mas se até há uns anos a Casa de Acolhimento recebia apenas meninas, o cenário hoje é diferente. “Temos cinco meninos, sobretudo para não os separar das irmãs. Já chega o que estão a passar, não vamos separá-los”.
Durante o tempo que ali estão, “fazemos por preparar as crianças para a vida fora da instituição. Dar-lhes autonomia para irem sozinhas ao centro de saúde, ao dentista, às compras. No fundo, para saírem um pouco da bolha”.
Algumas são adotadas, outras mantêm o contacto com as famílias enquanto esperam poder voltar para junto delas. “Nem todas as crianças têm visitas, depende do motivo que as levou à institucionalização. Muitas das vezes, o tribunal ou a CPCJ entende que as visitas são prejudiciais, porque temos casos que vão desde a negligência, aos maus-tratos e até aos abusos sexuais”, refere Rita Lisboa, admitindo que “a maior parte dos nossos casos são crianças que foram abandonadas no hospital”.
“Mas temos casos em que os pais fazem visitas e temos crianças que também vão de fim de semana”, vinca.
As Florinhas da Neve “são uma família, com 100 anos”, realça Rita Lisboa, confessando que “muitas das jovens, depois de saírem de lá, regressam, para nos visitar, algumas delas para nos apresentarem a família que, entretanto, constituíram. Ou, às vezes, vêm só para pedir conselhos”.
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